Ana Paula de Souza critica governo Milei e diz que foragidos se sentem abandonados também por políticos bolsonaristas
Condenada pelos atos do 8/1, foragida denuncia abandono
Ana Paula de Souza, paranaense de 42 anos, está presa no Complexo Penitenciário de Ezeiza, na Argentina, após ter fugido do Brasil e quebrado a tornozeleira eletrônica em fevereiro de 2023. Condenada a 14 anos de prisão pelos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, ela agora aguarda julgamento do pedido de extradição feito pelo Brasil.
A audiência de extradição, marcada inicialmente para 18 de junho pelo Tribunal Federal Criminal número 3, foi adiada duas vezes e acabou suspensa após recursos apresentados pela defesa de outros brasileiros também presos na Argentina.
“Nós estamos esquecidos em uma penitenciária da Argentina. Estamos simplesmente abandonados, jogados às traças e ninguém se preocupa. A nossa vida não importa, a nossa família não importa, a nossa saúde não importa”,
— afirmou Ana Paula à CNN.
De tornozeleira quebrada à prisão em Buenos Aires
Após fugir do Brasil, Ana Paula entrou na Argentina por via terrestre, pela fronteira seca entre Dionísio Cerqueira (SC) e Bernardo de Irigoyen, apresentando apenas um documento de identidade. Lá, pediu refúgio à Conare (Comissão Nacional para os Refugiados da Argentina) acreditando que teria proteção — o que não aconteceu.
Ela acabou sendo presa nas proximidades de sua residência em Buenos Aires, após mandados emitidos pelo juiz federal argentino Daniel Rafecas, em atendimento à solicitação do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
“Eu confiei nesse país. E eu segui a lei desse país. E pra quê? Sendo que a própria instituição que iria nos proteger foi a que primeiro nos traiu”,
— reclama Ana Paula, referindo-se à Conare.
Denúncias de abusos e sofrimento dentro da penitenciária
A foragida relata ter enfrentado condições degradantes no início da detenção. Segundo ela, chegou a ficar em um pavilhão com 11 presas, sem banho de sol e sem assistência adequada. Posteriormente, foi transferida para outro setor, onde divide espaço com duas mulheres, uma presa por tráfico e outra por sequestro seguido de morte.
Ela relata situações de xenofobia, ameaças, extorsão e problemas de saúde, incluindo um episódio em que teve água potável trocada por água suja, o que causou dores intestinais. Também afirma ter sido forçada a comprar itens para outras detentas por medo de represálias.
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