Ministra afirma que comissão pode comprometer atuação da PF e da CGU e causar vazamento de informações
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou nesta sexta-feira (16) a proposta de criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o escândalo bilionário envolvendo descontos indevidos em aposentadorias do INSS. Segundo Gleisi, a comissão, no atual contexto político, “pode atrasar o ressarcimento das vítimas” e “comprometer o sucesso da investigação policial”.
“Uma CPMI, no ambiente de exploração política em que está sendo proposta, pode comprometer o sucesso da investigação policial, que deve permanecer protegida de interferências externas e do vazamento de informações. Também pode atrasar o ressarcimento das vítimas, já que sua duração está prevista para seis meses, impactando nas medidas já em curso. São preocupações que precisamos externar para esclarecer a população”, afirmou nas redes sociais.
Governo Lula quer evitar paralisação das ações em curso
“Já suspendeu os descontos, acabando com o roubo aos aposentados, demonstrou que levará as investigações até as últimas consequências e trabalha para ressarcir as vítimas o mais rápido possível.”
A ministra reiterou que CPIs são prerrogativas do Legislativo, mas insinuou que sua aplicação seria mais legítima em governos omissos:
“CPIs são prerrogativa do Legislativo e direito das minorias, mas são mais adequadas em governos que não investigam ou acobertam desvios e corrupção, como ocorreu no governo anterior em relação à Covid e ao roubo dos aposentados no INSS.”
“A engenharia criminosa começou no governo passado”
Gleisi também apontou que o esquema surgiu ainda no governo anterior, mas foi desmantelado sob a atual administração:
“A engenharia criminosa contra os aposentados começou no governo passado e terminou neste, com o desmonte de uma quadrilha que operava no INSS. Foi pela ação da CGU, sob orientação do governo Lula e da Polícia Federal, que há mais de um ano, em 10 inquéritos, investiga esses criminosos.”
Sem citar nomes, a ministra criticou parlamentares que apoiam a CPMI, alertando que a comissão pode interferir negativamente no trabalho já em andamento da CGU e da PF.
A operação e o prejuízo aos aposentados
A Operação Sem Desconto, conduzida pela PF e pela CGU, revelou que entidades associativas vinham aplicando descontos mensais indevidos, sem autorização dos beneficiários do INSS. O prejuízo é estimado em R$ 6 bilhões entre 2019 e 2024.
Em resposta, o governo lançou um sistema no aplicativo Meu INSS para que os beneficiários informem se reconhecem ou não os débitos. Em apenas dois dias, mais de 1 milhão de pessoas declararam desconhecer os descontos e pediram reembolso.
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